sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Época 2013/2014 - Mercado de Inverno

Os excessos do artista

A capacidade de Quaresma para decidir um jogo num rasgo de génio não é algo que Paulo Fonseca se possa dar ao luxo de desperdiçar
Para os adeptos portistas, a boa notícia do FC Porto-Penafiel, para além da confirmação de que a drenagem do relvado do Dragão funciona, é que Quaresma continua igual a ele próprio. A má notícia, por outro lado, é que Quaresma continua igual a ele próprio. Não deixa de ser reconfortante saber que há coisas que não mudam e, depois do clássico com o Benfica já ter deixado indícios a esse respeito, o jogo de ontem tratou de os confirmar: Quaresma continua a ter a capacidade de decidir um jogo num momento genial, inventando caminhos onde os outros só conseguem ver obstáculos, algo particularmente útil numa equipa demasiadas vezes presa nos seus próprios labirintos e dúvidas existenciais. Por outro lado, também continua a ter a capacidade para desequilibrar a equipa porque vê um amarelo desnecessário ao chutar uma bola depois de o árbitro já ter apitado ou porque não engata o primeiro drible e perde o lance com um companheiro ali ao lado, isolado, à espera do passe. Ainda assim, num FC Porto tão claramente desesperado por quem faça a diferença, a capacidade de Quaresma para decidir jogos num rasgo de génio não é algo que Paulo Fonseca se possa dar ao luxo de desperdiçar. O desafio para ele, como para todos os treinadores que trabalharam com o extremo, não é reeducá-lo ou castrar-lhe a criatividade, mas sim preparar a equipa para ser capaz de compensar os excessos do artista. 

by Jorge Maia in Jornal O Jogo