quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Época 2010/11 Crónicas livres

O Fair-Play Financeiro da Uefa

O Fair-Play Financeiro imposto pela UEFA... o que é e como vai funcionar?

No final da época 2013 / 14 será analisado o estado financeiro dos clubes, e das SADs, nos últimos 3 anos, e se o prejuízo fôr superior a 45 Milhões de €uros esses clubes poderão mesmo ser impedidos de se inscreverem nas competições internacionais da UEFA.

...(Se fosse hoje o SLB estaria em risco, face aos cerca de 54 M€ de prejuízos em 3 anos. O FCP com 13 M€ positivos e o SCP com o prejuízo de quase 39 M€ de prejuízo estariam a salvo)...

É uma medida polémica na medida em que limita a liberdade de circulação de capitais do mercado e origina, ou vai originar, relatórios fictícios dos clubes, leia-se empresas, bem como o ressurgimento de engenharias financeiras e investidoras no sentido de dar a volta à legislação.

Como irá funcionar esta imposição da UEFA? De facto, e após muita pesquisa, não ficou claro, para mim, quais os princípios que irão regulamentar esta lei. Um alto patrocínio "oferecido" a um clube será contabilizado como um activo, só pode, e como irão ser contabilizados os donativos milionários "oferecidos" ao clube? As receitas conseguidas pela marca do clube limitar-se-ão às obtidas por massa associativa, bilheteira, lojas e outras empresas do clube/SAD, valores cotados na Bolsa, patrocínios, publicidade, transmissóes telivisivas, prémios de participação, prémios de empate e vitória por jogo... ou... poderão ser contabilizados os passes dos jogadores e os seus respectivos valores do mercado? Os investimentos feitos, por entidades estranhas ao Clube/SAD, serão ou não contabilizados? Os milionários "donativos" feitos por pessoas (ou entidades) não poderão ser incluídos no activo do Clube/SAD?

Não sou jurista, nem contabilista, para estar à vontade para me pronunciar sobre estes detalhes mas com um olhar simplista sobre as questões julgo poder afirmar que as regras do nosso sistema capitalista terão de ser respeitadas... sendo assim:

1. O que me impede de ser um "sócio especial" de um determinado clube? Posso ter uma "quota" anual de 12 M€...

2. Eu poderei ser o "dono" do passe de um jogador e ser eu a pagar, e não o clube/SAD, os seus ordenados, ficando o clube livre da despesa da compra do passe, etc... o que me impede?... Desde que o dinheiro seja meu posso fazer dele o que me apetecer.

3. Acordos por "baixo da mesa" poderão sempre ser feitos entre os dirigentes e quem lhes aprouver sem que os valores implicados tenham de ser referidos nas contas oficiais do clube...

Sabemos bem como os branqueamentos de capitais funcionam em todo o mundo mercantil globalizado e o futebol é, cada vez mais, usado para esconder origens pouco lícitas para algumas fortunas. Para além disso todos sabemos da existência de "caixa1" e "caixa2" em muitas empresas( e os clubes empresas são ), ilegalidade de difícil controlo por parte das autoridades... aliás, em alguns países até são as próprias autoridades as primeiras a pactuar com esta situação...

Julgo que esta limitação imposta pela UEFA apenas servirá para desvirtuar, ainda mais, a realidade desportiva na medida em que vai dividir os clubes em duas classes, os que cumprem rigorosamente com a legislação e apresentam as continhas certinhas e dentro dos parãmetros estipulados pela UEFA e os que irão "fintar" este plafond da UEFA no que aos prejuízos diz respeito... apesar do constante, e intenso, cruzamento de dados no sentido de se combater os relatórios de contas fictícios, a fuga ao fisco e outras ilegalidades, estou convicto de que irão surgir clubes/SADs que irão apetrechar-se com engenheiros financeiros no sentido de ludibriar as autoridades competentes, e as da UEFA, pois neste mundo do VENCER existe uma coisa que se chama GANHAR A TODO O CUSTO que, infelizmente, é a realidade do nosso mundo-cão e não só do mundo do futebol...

Poderia, até, congratular Michel Platini por esta tentativa de parar o crescendo desenfreado dos gastos no futebol, mas não o faço por a considerar uma mera utopia que irá aumentar as diferenças entre os clubes pois a injustiça entre os que cumprirão e os que não cumprirão ainda serão maiores.

by José Manuel Moura,zerozero

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