quinta-feira, 26 de maio de 2011

Época 2010/2011 - Crónicas

Regresso ao habitat natural

Há uma espécie de justiça poética por detrás da vitória do FC Porto sobre o Braga na final da Liga Europa. Afinal, bem vistas as coisas, foram os minhotos que empurraram os dragões para fora do seu habitat natural na Liga dos Campeões, atirando-os directamente para o topo da cadeia alimentar da segunda prova do calendário europeu. De certa forma, era praticamente inevitável que acabassem por ser vítimas do monstro que eles próprios criaram. Durante a última década, o FC Porto só falhou a Champions duas vezes e em ambas as ocasiões com o mesmo resultado: o triunfo na Taça UEFA, em 2003, e na sua sucessora, a Liga Europa, agora. Mas essas foram as excepções. A regra tem sido o apuramento para os oitavos, para os quartos e, excepcionalmente, para as meias-finais da Liga dos Campeões onde, até esta época, era recordista de participações a par do Manchester United. Por outras palavras, este FC Porto é equipa a mais para a Liga Europa e isso foi evidente no percurso quase lúdico que a levou até Dublin. A questão que se coloca agora a Villas-Boas é se este FC Porto é equipa que chegue para a Champions. A tentação de traçar paralelos com o percurso de José Mourinho é irresistível, mas muita coisa mudou desde 2004 no futebol europeu e, na Liga dos Campeões, o FC Porto definitivamente não está no topo da cadeia alimentar. Ainda assim, se conseguir segurar Hulk e Falcao e Moutinho e Álvaro Pereira e os outros, quem sabe até onde pode chegar? Uma pergunta a que será mais fácil responder depois da Supertaça Europeia, aonde vai medir forças com Barcelona ou Manchester United no início da próxima época. O primeiro verdadeiro teste aos limites deste FC Porto.

by Jorge Maia, in Jornal "O Jogo", 20/05/2011

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