Defour na nova placa giratória
A nova arquitectura do meio-campo, que Vítor Pereira andava a desenhar desde a pré-época, saiu do estirador. O que o FC Porto mostrou na 2.ª parte do jogo contra o Setúbal não foi uma experiência, mas sim a primeira amostra de uma opção que vai ganhar força e redimensionar o jogo dos dragões. Afinal, há explicação para a abundância de sol...uções no miolo portista e o técnico quer jogar com essas potencialidades e com a sua própria percepção do que melhor serve a equipa e os seus conceitos de bom futebol.
Ora, este plano tem um nome: Defour. O internacional belga é o dado novo nesta placa giratória do FC Porto, que se prepara para abdicar, em várias ocasiões, da figura do trinco. Villas-Boas defendeu outro perfil para a posição, mas acabou "preso" à fiabilidade de Fernando. Não é que Vítor Pereira descarte o titular das últimas três épocas, nem sequer Souza, conforme se tem visto.
O que acontece é que, assumida a obsessão pela bola e por uma posse contundente, os dragões entendem que é fundamental poder evoluir para uma abordagem que permita conciliar jogadores da qualidade de Moutinho, Belluschi, Guarín e até James, candidato fortíssimo ao papel de estratega neste tridente mais próximo do duplo-pivô. Movimento é um conceito-chave, daí que a intenção passe por romper com ideias mais posicionais, promovendo grande rotatividade entre quem joga no meio-campo e nas alas.
É preciso unir as pontas e é aqui que entra Defour, que se exibiu como um gémeo de Moutinho, o médio que fez todos os lugares do losango do Sporting e que também já experimentou de tudo na Selecção. A dupla mostrou sintonia e foi capaz de manter o sector coeso, próximo e organizado para reagir a cada momento do jogo. O que Defour mostrou contra o Setúbal encheu o olho dos portistas, convencidos de que têm matéria-prima mais do que capaz para levar a cabo esta empreitada.
Das intenções aos actos, cabe a Vítor Pereira gerir esta metamorfose táctica do FC Porto. E se é improvável que o faça perante adversários mais exigentes (como o Shakhtar), a verdade é que a equipa técnica trabalha para dotar a equipa de automatismos que lhe permitam inverter o triângulo do meio-campo logo no arranque de grande parte dos jogos. A intenção é clara: ser mais ofensivo e mais acutilante nas imediações da área dos rivais.
by André Viana, in Jornal O Jogo, 12/09/11
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