segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Época 2010/2011 - Análises técnicas | Modelo vs Táctica

O Futebol Cerebral abre esta rubrica no sentido de dar a conhecer aos seus visitantes alguns conceitos e termos que "habitam" no futebol. Mas, para além de se fazer referencia a esta terminologia, o Futebol Cerebral também irá explicar esses mesmos conceitos recorrendo a alguns exemplos (seja com vídeo ou com a explicação em texto) do futebol actual para explicitar de uma forma mais clara aquilo que se pretende explicar.

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Modelo de jogo

Para melhor entendermos o que é o modelo de jogo de uma equipa poderemos defini-lo como sendo a forma dessa equipa jogar. É a identidade de jogo de uma equipa.

Ora, aquilo que faz uma equipa ter um certo modelo de jogo pré-definido é um conjunto de situações, das quais destaco: os executantes de uma equipa (os seus jogadores), o seu treinador e a disposição táctica dessa mesma equipa.

Exemplo: Sporting Clube de Portugal

A época está no início e muitas equipas ainda procuram a sua identidade de jogo. No entanto, a história recente do Sporting dá-nos a possibilidade de falar como exemplo do seu modelo de jogo.

O Sporting já há alguns anos para cá que usa de uma forma de jogar em que se serve bastante dos lançamentos longos. Ou seja, já desde os tempos de Paulo Bento que o Sporting fazia o uso de passes longos de 30 e 40 metros.

Normalmente, refiro-me a esses lançamentos longos, como os passes que se fazem de um central de uma lateral para a outra do terreno, mas também, os passes longos de um defesa para um ala ou para um avançado.

Esta característica é um exemplo do que pode ser o modelo de jogo de uma equipa (mas claro que não constitui na totalidade um modelo de jogo) tendo as suas vantagens e desvantagens.

O Sporting 2010/2011 também usa e abusa bastante desta forma de jogar e isso, na minha forma de vêr, não constitui uma "arma" muito forte para os seus adversários. E não constitui grande problema para os adversários por algumas razões que irei enunciar nas vantagens e desvantagens deste tipo de jogo.

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Lançamentos em profundidade

Por lançamentos em profundidade não estámos apenas a falar dos lançamentos de linha lateral que são realizados com as mãos pelos jogadores; isso é apenas um tipo de lançamento em profundidade. Falámos aqui, também, dos passes longos (de 30, 40 ou até mais metros que são feitos de um jogador para outro) sejam eles pelo ar ou pelo chão.

Vantagens: esta característica é muito utilizada em várias equipas de Inglaterra e em bastantes equipas de Leste pois adequa-se bem aos executantes que constituem essas mesmas equipas. Esta maneira de jogar, é comummente designado por futebol directo e tem como vantagem ser uma forma de se fazer chegar a bola muito rapidamente ao ultimo terço do terreno, não tendo a equipa que perder muito tempo com progressões pelo meio-campo adversário que muitas vezes são fúteis. São fúteis e podem ser muito perigosas pois uma perda de bola no meio-campo adversário poderá ser fatal pois uma transição rápida da equipa adversário poderá apanhar a equipa em contra-golpe e isso tem vários riscos.

Com o jogo directo a equipa não se expõe a esses riscos e poderá chegar com a bola com bastante rapidez à baliza adversária. No entanto, se a equipa não tiver recursos necessários para implementar esse estilo de jogo, as coisas podem correr bastante mal. E é neste ponto que falarei das desvantagens desta forma de jogar e que realçarei aquilo que penso que o Sporting faz mal em usar este modelo.

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Desvantagens: as equipas que usam esta forma de jogar têm que ter alguns recursos para poder tirar todo o partido destes lançamentos em profundidade. O jogador que faz o passo longo tem que ser um jogador com bastante precisão de passe, e o jogador que vai receber a bola normalmente tem que ter uma de duas caracteristicas:

1º) se tivermos a falar de um passe longo para o meio dos centrais adversários, é bom que o avançado que vá receber a bola tenha uma composição física bastante forte (alto e possante) e que consiga jogar bem de costas para a baliza para assim conseguir segurar a bola e rodar para depois dar nos laterais ou nos médios que lhe apareçam em linha de passe.

2º) se tivermos a falar num passe longo em diagonal realizado de uma lateral do terreno para a outra lateral no sentido de se meter a bola nas costas do defesa-lateral adversário então é preciso que a equipa que utilize estes mesmos passes longos tenha extremos bastante rápidos e com grande poder de explosão para assim aproveitar as costas do lateral e assim partir com perigo.

Ora, o Sporting já usou muito este modelo de jogo (Polga por exemplo não se cansava de fazer estes passes longos para o meio dos centrais adversários) e nesta época penso que o figurino não se altera em quase nada. O Sporting 2010/2011 faz uso desta "arma" com Carriço a tentar muitas vezes fazer jogo directo para o Djaló ou para o Valdez/Vukcevic e penso que isto não abona em nada a favor dos leões. Até mesmo Nuno André Coelho que chegou este ano ao Sporting já recorre muito a esta slolução. São jogadas que acabam por não ter produtividade nenhuma muito por culpa do que referi anteriormente; é preciso que quem executa o passe tenha uma grande técnica de precisão e que quem vá receber a bola seja muito rápido e bastante explosivo; ou, no caso da bola ir ao encontro do homem é preciso que esse homem seja bastante possante e que tenha grande domínio de bola.

As equipas que não têm na essência dos seus jogadores estas características para jogarem, seja muito ou pouco, com lançamentos longos devem abandonar este recurso e privilegiarem as jogadas em progressão com posse de bola, fazendo, ou tentando fazer chegar a bola ao ultimo terço do terreno com trocas de bola de pé para pé.

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