quinta-feira, 24 de março de 2011

Época 2010/2011 - Crónicas

O futebol não é isto

O autocarro onde viajava a equipa do Benfica após o jogo de segunda-feira à noite em Paços de Ferreira foi apedrejado numa auto-estrada. Como, pelos vistos, não havia falta de munições, também o carro do presidente do clube foi atingido. Uma semana antes, um vice-presidente do emblema da Luz queixara-se de ter sido agredido depois de almoçar num restaurante do Porto.

Onde é que isto vai parar? Aberta a época de caça ao benfiquista no Norte, o que se segue? Tiro ao portista no Algarve? Batalhas de hooligans em Lisboa? Podemos dizer isto e haver quem sorria perante o exagero. Mas, infelizmente, num cenário de agudização da crise económica e social em que vivemos, o mais certo é esta vaga de violência clubística não ficar por aqui.

Os sinais estavam no ar. A “moda” de atirar bolas de golfe – um projéctil potencialmente letal – aos jogadores generalizou-se nos estádios portugueses. Continuamos a ouvir explodir petardos de cada vez que vamos ao futebol. Repetem-se os incidentes nas bancadas sem que tenhamos conhecimento da utilização dos meios de vigilância para identificar os desordeiros.

As claques organizadas estão na primeira linha deste desvario, mas os clubes encolhem os ombros, pagam as multas e clamam a sua inocência com garantias de que não apoiam estes grupos. A Liga embolsa o dinheirinho das multas e lamenta os incidentes. A polícia assume a sua impotência para identificar e deter os desordeiros dentro dos estádios. O Governo cala.
A malta consente.

Estamos à espera de quê? Do primeiro morto? Um destes dias, vermelho, azul, ou verde, ele vai aparecer... E nessa altura talvez seja de pedir aos presidentes dos principais clubes que pensem seriamente no que têm andado a fazer.

Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira têm sido os actores principais de um filme de terror com muitos papéis secundários e ainda mais figurantes. Um filme onde se sucedem números de fina ironia e piadolas revisteiras dirigidas ao campo rival. Mas também comportamentos agressivos e territoriais. Ou, simplesmente, disparates boçais que as massas ululantes depois repetem na tasca.

Os dirigentes andam a semear ventos. Antes que tenhamos de colher as tempestades, é bom que isto fique dito: a culpa é vossa!

http://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1486189

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