sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Época 2010/2011 - Crónicas

Mundial 50 | Brasil

O primeiro mundial do pós-Guerra, ficou marcado pela ausência de numerosas selecções europeias. Destacando-se à cabeça a Alemanha, e a França que se recusou a fazer os 3500 km que separavam o Rio de Janeiro de Porto Alegre, para defrontar a Bolívia.
Portugal, voltou a estar ausente, após ser novamente eliminado pela vizinha Espanha. Algum tempo depois a esperança renasceu, quando em Lisboa foi confirmada a notícia que Portugal tinha sido convidado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para participar no torneio, apesar de previamente eliminado, para colmatar algumas ausências. Mas a FPF rejeitou o convite, afirmando que a qualificação se conquista no campo e não por convite.
No mundial em si, participaram 13 países das Américas e Europa, divididos em 4 grupos. A defesa da honra europeia ficou a cargo da Itália (Campeã mundial), Jugoslávia, Suiça, Espanha, Suécia e a Inglaterra, que pondo de parte a sua altivez, participava pela primeira vez no Mundial.
Os Ingleses foram curiosamente a única estreia da competição.
O Brasil, a jogar em casa, e sendo a única selecção que tinha estado em todos os campeonatos mundiais, assumiu o repto do seu público de ser o candidato maior ao título. No grupo A e apesar de um empate com a Suiça (2-2), carimbou sem dificuldades a passagem à fase final.
No Grupo B, meio mundo parou para ver a estreia dos Pais do Futebol num campeonato do mundo. A Inglaterra estreou-se com uma vitória sobre o Chile (2-0). Mas a grande surpresa aconteceria na 2ª Jornada, quando os “súbditos de sua Majestade” foram derrotados pelos amadores norte-americanos (0-1).
Este escândalo deu brado, e mais de 50 anos depois, é considerado por muitos o maior escândalo da história do futebol.
No jogo decisivo, uma desmoralizada Inglaterra, perdeu com a Espanha (0-1), que assim garantia a passagem a segunda fase, só com vitórias.
O Grupo C, que continha os campeões mundiais, assistiu a segunda grande surpresa, quando os suecos bateram a Squadra Azurra por 3-2 e garantiram a vitória no Grupo.
No Grupo D, só com duas equipas e um jogo, o Uruguai esmagou a Bolívia por 8-0.
Assim chegou-se a Ronda Final, onde 4 equipas iriam discutir em fase de grupo o título mundial. A Equipa da casa, super moralizada venceu a Suécia por 7-1 e a Espanha por 6-1. Já o Uruguai, que começou com um empate com a Espanha (2-2), venceu a Suécia por 3-2 e chegou ao jogo decisivo, ainda com esperanças de ser campeão, caso batesse o Brasil.

No dia 16 de Julho, sobre o relvado do novíssimo Estádio do Maracanã, com mais de 200.000 espectadores a assistir e um sol abrasador, perfilaram-se no centro do relvado o Escrete e a Celeste Olímpica, muito distante da Equipa Campeã de 1930.
Sobre a arbitragem do Inglês George Reader, o Brasil partiu para cima do adversário, que com grande bravura, aguentou o 0-0 até ao intervalo.
No segundo tempo, o Maracanã explodiu com o golo de Friaça, logo no 1º minuto. E a copa já estava tão perto de ficar em casa.
Os Uruguaios arregaçaram as mangas e num contra ataque magistral, finalizado por Schiaffino (65’) lograram o empate.
Os brasileiros acusaram o toque, mas rapidamente retomaram a ofensiva e procuraram o 2º golo que garantiria o título. Começavam a estoirar foguetes quando Ghiggia surgiu dentro da área a fazer o segundo golo dos uruguaios.
O Maracanã entrou em colapso. Adeptos desataram num pranto colectivo e nos 11 minutos que faltavam jogar, o Brasil apaticamente não se conseguiu levantar.
Quando o Árbitro apitou para o final, e enquanto os uruguaios saltavam e se abraçavam no meio do relvado, todo um país, chorava a pior das derrotas.
No meio da histeria colectiva, o próprio Jules Rimet, teve que se deslocar ao meio do relvado para entregar a taça aos uruguaios, enquanto os brasileiros olhavam com lágrimas nos olhos para festa dos convidados.
Ainda hoje os brasileiros juram a pés juntos, que houve macumba na final. E que estava enterrada uma caveira de burro sob a baliza do Brasil. Aquela mesma onde não tinha entrado nenhum golo brasileiro na 1ª Parte e onde Schiaffino e Ghiggia tinham marcado os 2 golos da vitória do Uruguai.


A Cena: O Maracanazo- Foi assim que ficou conhecido o dia em que um país inteiro depositou as suas esperanças em 11 homens que vestiam a camisola canarinha.
Era impensável para todos os brasileiros, outro resultado que não a vitória do escrete.
Ainda para mais, na pior das hipóteses, um empate bastava, para o Brasil ser campeão do Mundo. Mas naquela tarde de sol, 200 mil presenciaram, uma das vitórias mais épicas da história do Futebol. Do outro lado estavam, outros 11 homens envergando a camisola celeste, que já tinha rendido 1 título mundial em 1930 e mais dois títulos olímpicos. E aos pés de Schiaffino e Ghiggia ruiu o sonho brasileiro. No final do dia quem levantou a taça foi o capitão uruguaio Obdulio Varela, o primeiro capitão de cor, a levantar a Taça do Mundo. Obdulio Varela disse um dia mais tarde que “Se soubesse o que era um povo inteiro a chorar, não sei se teria querido ganhar aquele jogo”.


A Figura: Schiaffino- Autor do golo que virou o jogo, foi o pai da vitória uruguaia no mundial. Este jogador de ascendência italiana, que se iniciou no Peñarol de Montevideu, marcou 6 golos no mundial, menos 3 que o goleador brasileiro Ademir; mas foram dos seus pés, que sairam os mais belos momentos do mundial.
O Onze: Maspoli (Uruguai), Varela (Uruguai), Andrade (Uruguai), Nordahl (Suécia), Danilo (Brasil), Ghiggia (Uruguai), Finney (Inglaterra), Schiaffino (Uruguai), Ademir (Brasil), Zarra (Espanha) e Chico (Brasil).



by zerozero

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